O VIDEIRINHO

sexta-feira, dezembro 09, 2016

CRISES

.

Diz-se que cada um fala da feira segundo o que necessita dela e isso explica porque há tanta gente calada. 

Não vão os tempos propícios a lançar foguetes, mas tão-pouco para não atirar nenhum. 

As feiras do constrangido Verão português continuaram a registar uma importante descida, já que diminuíram, não só os calhambeques, como os orçamentos. 

Quando não há pão, o circo também se ressente e muitos municípios optaram obrigatoriamente por reduzir os seus reduzidos gastos. 

Este ano também haverá menos dispêndios em luzes de ornamentações, já que os presidentes de câmara, nas suas esbanjadas luzes, deram conta de que não são, em geral, nenhumas luminárias e já neste Verão, os mais sensatos interrogaram-se, “porque vamos atirar em fogos de artifício o pouco dinheiro que temos para dar algum calor ao pessoal?” 


O português médio continua conservando o “festivaleiro sentido da existência”, por isso entre nós continua sendo mais ilusória a véspera que o dia da comemoração. 

Está claro que o melhor momento do amor é o de subir as escadas e a ocasião cimeira dos festejos nos municípios pequenos situa-se na véspera, quando todo o mundo selvático as promete muito felizes. 

Daí o inolvidável programa das festas que aquele poeta, convicto nativo, pudesse escrever uns estimulantes versos dizendo que a “letra não batia com a careta”. 

Mural do Edifício Paulo Guerra - Malangatana

Cada um diverte-se como pode. 

O grande Saramago disse que o homens é um animal inconsolável, mas isso não impede a busca da diversão. 

Nada mais nada menos, Santo Agostinho perdoava e dizia: 
"fazer de louco uma vez por ano é algo aceitável". 

As alegres festas estivais, este ano, perderam alegria, já que esse vivo movimento de ânimo sempre esteve em estreita relação com a mobilidade dos orçamentos.
.

Sem comentários: