O VIDEIRINHO

terça-feira, abril 04, 2017

SEM NOME

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Anónimo e anonimato são duas palavras de que gosto muito e, nunca tinha reparado nisso, até que uma vez, no meu blog, alguém sem nome, anónimo, como preferireis, deixou-me um comentário. 

Comecei então a pensar que gostava muito desta palavra. 

Gosto pela entoação e gosto pelo significado. 
E atrai-me a ideia de pensar que há alguém por aí, não sei onde, e que não não sei quem é, que me lê e me comenta. 

Parece-me muito excitante entrar assim na mente de uma pessoa , sem sequer  lho propor, e só de pensá-lo, também é um pouco perturbador. 

Imagina que entras na mente de uma pessoa e lhe removes algo do seu interior, desloca-lo e desordena-lo de tal maneira que essa pessoa, só por ler algo escrito por ti, já não volta a ser a mesma e na sua cabeça, algo faz clic e acende-se uma luzinha, uma luz muito pequena e muito débil mas ilumina para além de até onde ele podia ver, que amplia o seu pequeno e particular horizonte, ou que deixa de olhar a vida como se a vida fosse isso, um horizonte, algo longínquo, que parece que está aí e o podes tocar se esticares a mão, mas que na realidade, é inalcançável. 


E  que essa luz lhe mostre que não só pode ver o que tem pela frente da seu nariz, mas para além, bem mais além e, se gira a cabeça, também pode ver o que há aos lados, e se dá a volta pode olhar detrás da sua. 

Quiçá vos pareça uma imbecilidade tudo isto que vos estou a contar, pode ser que o seja, mas há gente que se empenha em aprender muito bem a lição que os outros lhe dão sobre o que é a vida, bom há gente que se empenha em aprender todo o tipo de lições que lhe dão os demais, como se as vidas, de resto, fossem transmissíveis e poderem fazer uso delas. 

Outros, pelo contrário, decidem averiguar por sua conta e risco. 

Deste tipo de pessoas gosto, costumam ser as que têm mais  perguntas que respostas, e não se empenham em mostrar a ninguém o caminho “acertado”. 

Ainda que tudo isto que vos conto seja questionável e o meu debate interior a este respeito daria para outro texto porque não deixa de ser uma interpretação, em minha opinião todos oscilamos entre os dois extremos sem darmos conta, é por isso que gosto e me perturba a ideia de que alguém anónimo tenha lido um texto meu e tenha partido com alguma luzinha que lhe revele mais algum outro interrogante.

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