Há mais de três horas que,
com ansiedade, procuro a notícia de um estudo da Universidade de Massachusetts
que assegura que nós, os homens, pensamos em sexo umas 280 vezes ao dia.
Temo
que seja uma lenda urbana: a cifra, o estudo da dita universidade ou, sem
dúvida, algo que tenha saído nalguma revista cor-de-rosa — que para o caso é o
mesmo — ou nalguma telenovela.
Vejamos, se qualquer ser humano masculino do
planeta Terra pensa em sexo 280 vezes em 24 horas é porque não tem a mente em
mais nada.
O que, contrariamente ao que os psiquiatras nos fizeram crer, as
nossas mentes não são como caixas estanques que não se comunicam entre si.
Não, na realidade somos tão
“multitarefeiros” como elas, só que com esta desculpa (barata) psicológica nos
obrigais a deixar-vos em paz: “animálico, se é que não pode ter a cabeça em
dois lugares”.
Suponhamos que as coisas
são assim: carregas na embraiagem do
carro e ao mesmo tempo achas que estás a meter outra coisa, como empurrar um
camarão ou escápula contra a parede, e de repente transforma-se em Scarlett
Johansonn, apanhas o pó da perfuração e fantasias com uma súper broca que aprofunda
em cavidades mais húmidas.
Quiçá por
isso gostas tanto de bricolage.
Facilita-vos
pensar em sexo enquanto tendes as mãos ocupadas (ah!, ah!)?.
Nem suspeitar como
viverão os pobres carpinteiros, artesãos e picheleiros ou canalizadores.
Pensarão
na sua noiva cada vez que desatarracham uma tubagem?
Passam o dia quentes como
um bolinho de canela recém sacado do forno?
Valha-nos a Virgem do Perpétuo Pão
Torrado!
Pobres criaturas!!!
Como estava a dizer.
Não me
creio deste dado.
Mas é que há outro que se torna ainda mais inverosímil.
Tradicionalmente,
sustentou-se que o homem pensava no sexo a cada 7 segundos.
Total, nada.
Isso
não se sustenta por muito machos que sejais.
Imaginais?
Seria algo assim como
ter 8.000 ideias de sexo nas 16 horas que se está acordado.
Vamos lá, que, quiçá algum ser com imaginação espectacular,
súper inteligência e satirismo avançado possa ver na sua mente 8.000 imagens de
sexo em cada dia (porque pensais em imagens).
Francamente, parece-me um pouco
incompatível com o dia a dia. Inclusive algo angustioso.
Imaginem uma sucessão
de instantâneos ao tentar pagar no súper, abastecendo o carro (ai, essas
mangueiras e esses depósitos), levando o menino à escola ou jogando pádel.
Ouve!
A mim encanta-me o erotismo das coisas e o quotidiano, mas sem
extremismos.
A Universidade estatal de Ohio sacou um estudo similar mas mais
realista. O número de vezes que os homens pensam em sexo é 19.
Nem mais nem
menos.
Justamente o dobro que as mulheres, mas é que ademais, dão uma
explicação muito plausivel.
Não é que os homens sejam todos uns saídos que passam
a vida imaginando penetrações e pénis.
Não.
Os homens, seja lá pelo que for, (por
estas minudências não me aventuro, porque não sou erudito), pensam com igual
reincidência em necessidades básicas e biológicas: lembram-se de comer 18 vezes
ao dia, e de dormir 11 (os escatologismos, imagino que estarão quantificados).
Pensar em sexo é bom; de facto os que o fazemos é porque vivemos uma sexualidade
com a qual concordamos e nos agrada.
Obsessionar-se com o sexo, não.
Há
patologias de muitas classes e o temido vício ao sexo que pode ser tão perigoso
como qualquer outro.
O melhor, creio, é deixar-se de quantificações, relaxar-se
e desfrutar com o caminho do prazer.
Os estudos dão muita margem de manobra aos
jornalistas mas o melhor é mandá-los todos para o car*lho e rirmo-nos muito!
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